De repente, a gente sente que Hoje é Ontem
e aquela carta, aquele presente, aquela palavra,
foram juntar-se às mil tarefas “para amanhã”:
Não se tornaram realidade.
De repente, a gente sente que aquele amor
terno-eterno, chegando o inverno, bateu asas:
virou saudade.
[…]
De repente, a gente vê que Hoje é o futuro
que se sonhou, mas não chegou como o colorido
que a infância dava:
antes grisalho e de retalhos, como uma colcha
feita de anos, que foram ontens, foram amanhãs,
num Hoje-agora, único tempo que Deus entrega
para viver, amar, sonhar, sorrir, cantar,
sofrer, chorar, lutar, vencer, morrer, voltar…
Tão de repente, que nem se sente dor ou saudade,
porque já e céu, junto de Deus:
Eternidade…
(Myrtes Mathias)
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